Nutrição na Oncologia, por Luiza Ferreira.

Não é de hoje que a importância da alimentação na saúde é tema de muitas notícias e matérias. Uma doença das mais assustadoras, o câncer, sempre está em pauta quando se fala em alimentação saudável e prevenção de doenças. Sobre esse assunto não há dúvida, uma alimentação saudável e variada auxilia na prevenção de vários tipos de tumores.
 

A nutricionista Luiza Ferreira tem mais de 10 anos de experiência em nutrição hospitalar e compartilha com a gente o seu trabalho com pacientes oncológicos dentro do Hospital Municipal São José em Joinville e a importância da adequada nutrição aliada ao tratamento proposto. Ambos caminham juntos nessa luta contra o câncer. 
Mas será que a alimentação é tão importante no tratamento de pessoas com câncer como na sua prevenção? Certamente que sim, pessoas em tratamento oncológico necessitam de uma alimentação adequada. Mas será que alimentar “bem” uma pessoa com câncer é uma questão simples? Como apenas orientar quais e a quantidade de alimentos a serem ingeridos? Luiza salienta que não. Cada doença possui suas particularidades e cada paciente reage de uma forma diferente a elas, o fator psicológico também influencia bastante, por isso o paciente deve ser tratado individualmente. 
Os principais tratamentos realizados para a doença oncológica são: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Alguns dos efeitos colaterais que atingem a maioria dos pacientes são náusea, vômito, perda de apetite, alteração do paladar, dificuldade de engolir, perda de peso, e alguns casos ganho de peso, variando conforme o tipo e a localização do tumor. O profissional nutricionista tem papel fundamental na identificação desses sintomas e por meio da intervenção nutricional promover alívio desses efeitos colaterais e auxiliar na recuperação do paciente. Em casos específicos, muitas vezes faz-se necessário a utilização de suplementos alimentares industrializados (ricos em vitaminas, minerais, energia e proteínas) ou ainda em ambiente hospitalar, pode ser utilizado método mais invasivo através do uso de sonda de alimentação. Essa técnica é utilizada quando há dificuldade na deglutição e seu uso pode ser necessário no caso de tumores localizados na região do pescoço, esôfago, estômago, ou em outras situações de doença em estágio mais avançado. Alguns pacientes fazem uso de sonda em ambiente domiciliar também, porém com adequada orientação do nutricionista responsável referente a forma de administração e a dieta a ser utilizada.
O nutricionista, principalmente o que atua em ambiente hospitalar, deve ter, além do conhecimento específico na área, a sensibilidade em entender que cada paciente deve ser tratado como um único indivíduo, com suas particularidades. Ela relata que frequentemente realizam alterações nos cardápios dos pacientes a fim de que possam se nutrir. Pacientes em pós-operatório, com feridas na boca ou ainda com náuseas, vômitos ou diarreia, devem ter seus cardápios alterados de acordo com a situação em que vivem. Segundo Luiza, é importante entender que o paciente está em um ambiente estranho, sentindo dores, medo, e tendo uma alimentação muito diferente da sua rotina. Muitas vezes para garantir a nutrição desse paciente o profissional precisa deixar de lado as regras estabelecidas de alimentação balanceada e completa. Nessas situações o profissional pode solicitar preparações diferentes ou ainda autorizar o familiar a trazer alimentos de casa, porém com todos os cuidados necessários e orientação profissional. 
O câncer é uma doença que amedronta a todos nós, acreditamos que deve ser muito difícil e pesado o trabalho com esses pacientes visto a complexidade da doença e do efeito emocional que ela causa em todos ao redor, principalmente com aqueles que se encontram em fase terminal. Sabemos a grande importância dos profissionais atuantes em todo o processo desde o diagnóstico ao tratamento das doenças oncológicas. Luiza concorda com o peso da responsabilidade que carrega, mas ressalta a gratificação em proporcionar aos seus pacientes, qualidade de vida, conforto, força e energia que precisam para superar essa fase tão difícil que enfrentam. Segundo ela, trabalhar com o alimento é especialmente gratificante, porque a alimentação vai muito além da qualidade e quantidade, é amor e afeto. Relata também que trabalhar com a doença, principalmente em ambiente hospitalar, proporciona um crescimento pessoal incrível, ajudando as pessoas no momento em que mais necessitam. O trabalho com pessoas enfermas inspira a valorizar a nossa saúde, a sermos gratos pelo que temos e aproveitar os nossos dias. 
Luiza Ferreira se sente motivada com o trabalho que realiza com carinho e atenção a seus pacientes. E nós somos gratos por contar com profissionais que fazem a diferença na vida de quem tanto precisa. 
Nessa semana comemoramos o “Dia Nacional de Combate ao Câncer” e frequentemente conhecemos histórias inspiradoras de pessoas que entram nessa luta com muita garra e coragem. Porém para superar essa fase são necessários vários profissionais dedicados e atuantes, além do apoio da família e muita coragem do paciente. Sempre vale a pena lutar pela vida, e quando há um exercito ao nosso lado as chances de vencer a guerra é ainda maior. 

Muito obrigado Luiza, por compartilhar com a gente sua história profissional tão inspiradora e por fazer a diferença na vida das pessoas com o trabalho que realiza com tanto amor e dedicação!